Daniel Oliveira e Gabarra - Psicólogo pela UFSCar, Psicodramatista, Master em PNL, Terapeuta em Brainspotting, Facilitador e Supervisor de EMDR em Formação.
O objetivo da oficina é abordar como os processos de dissociação consciente de papéis ou estados de ego podem ser utilizados para potencializar a reintegração psíquica dos pacientes dissociativos. Pacientes dissociativos sempre foram um dos grandes temores dos terapeutas em EMDR para o uso da fase 3 em diante. Geralmente esses quadros requerem um grande tempo de preparação além de um manejo mais avançado e interventivo durante o reprocessamento. Entretanto, entre pacientes com alto grau dissociativo é comum encontrarmos pessoas com grande fragilidade psíquica, acesso a um pobre histórico de recursos, uma grande dificuldade em se expressar, perceber e nomear seus sentimentos além de grande dificuldade em relatar seus traumas. Então, como avançar no protocolo de EMDR com pessoas tão fragilizadas e que quase não nos dão dicas do conteúdo de seus traumas? Alguns critérios hipotéticos auxiliam a instrumentalizar tanto o profissional quanto o paciente a enfrentarem o reprocessamento. Primeiramente, (a) se diante de uma história de traumas intensos a pessoa sobreviveu e chegou até você, é porque ela tem recursos importantes, mesmo que tenha dificuldade de acessá-los. Um desses recursos é o próprio quadro dissociativo que a protege da intensidade dos traumas e possibilita a vida “apesar de...”. (b) Se essas partes estão tão distantes uma da outra, é porque elas tiveram um motivo para isso, mas talvez esse motivo já esteja no passado, e hoje podemos caminhar para uma conversa. (c) Sendo todos esses papéis ou egos são partes do eu, certamente eles querem algo de positivo para esse eu, mesmo que aparentemente seja difícil perceber isso. Essas hipóteses ou crenças positivas a respeito do paciente devem ser checadas com dados de realidade para que possam ser fortalecidas, mas, mais do que isso, é fundamental que elas "transpirem por todos os poros do corpo do terapeuta". Identificados os estados de ego presentes no evento traumático parece ser mais fácil seguir com a etapa do reprocessamento de deforma menos interventiva, principalmente quando não se tem o conteúdo do evento em questão. Obviamente que todo esse processo deve levar todo o tempo necessário e seguido de todos os cuidados que a aplicação do EMDR demanda.
Palavras-chave: EMDR; dissociação; estados de ego; manejo avançado.
Trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro de EMDR
Brasília, 15 à 18 de novembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário